quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Aprendizado para a vida inteira!

No meu primeiro dia de aula na Faculdade, cheguei já com a aula em andamento, e o professor falava sobre as experiências dos alunos em suas escolas de origem. Ao adentrar (contra minha vontade, mas "incentivado" por um 'amigo' do terceiro ano, que me empurrou pra dentro), percebi que não conhecia uma alma viva naquele lugar e que todos os olhos se voltaram para minha pessoa. Procurei um lugar para me sentar, quando o professor se dirigiu a mim. Era tudo o que eu precisava naquele momento, ser questionado sobre um assunto que eu sequer sabia qual era, numa sala LOTADA de gente estranha. O professor me perguntara se a qualidade do meu ensino médio havia sido boa ou ruim. De imediato, para tentar encerrar a conversa, respondi que havia sido muito boa, muito boa mesmo! Então, eis que surge a indagação: "Por que seu ensino médio foi de boa qualidade? Nos explique!"
Eu simplesmente não sabia o que dizer, pois não fazia a menor ideia do que era um ensino de qualidade, o que era uma metodologia de ensino e, mesmo que soubesse, não conseguiria pensar naquele momento... Então apenas respondi o famoso "Porque sim"...
A partir daí, comecei a me interessar por algumas matérias que eram odiadas pelos demais alunos, como Didática, História da Educação, Psicologia, Humanidades, entre outras.
E ao me aprofundar no assunto, acabei percebendo que meu ensino médio, assim como boa parte do ensino fundamental, foi horrível. Não pela qualidade dos professores, que faziam aquilo que podiam e aquilo que foram ensinados a fazer. Mas sim pelo sistema de ensino e pelo conceito de que o professor é o carrasco do aluno.
Ao ler Paulo Freire e João Batista Freire (que não tem parentesco algum), pude perceber uma nova concepção do processo de ensino/aprendizagem. Minha área é Educação Física, mas venho formulando conceitos e opiniões voltados ao ensino fundamental, desde a iniciação até a chegada ao Ensino Médio.
Durante todo o tempo em que estudei no ensino regular, tive professores dos mais diversos tipos. Tive aqueles que tinham um amplo conhecimento, porém não tinham a didática para transmitir esse conhecimento. Tive professores que chegavam à sala de aula, enchiam a lousa de matéria, abriam o jornal e ficavam dentro da sala lendo e fumando. Tive uma professora na 3ª e 4ª séries que era maravilhosa. Faço questão de citar o nome desta figura encantadora, pois ela é peça fundamental na formação deste que vos fala (ou melhor, vos escreve). Ela chama-se Ilioniza Galvão! Em toda sua rigidez, toda sua forma peculiar de se dirigir aos alunos, jamais faltou com o respeito e sempre se fez respeitar. Nos ensinou valores que hoje em dia não são mais vistos nas escolas e casas. Nos ensinou a respeitar aos mais velhos, nos ensinou a pensar... são coisas que carreguei para a vida inteira.
Hoje o que se vê é uma desvalorização do profissional da educação. Tanto pelos governantes, como pelos próprios profissionais (professores). Quando se fala em aperfeiçoamento profissional, poucos são os que se interessam em aprender, julgando-se superiores e intocáveis.
O ato de educar consiste na troca de informações, na troca de experiências. Um professor, dentro da sala de aula, mais tem a aprender com seus alunos do que realmente ensinar. Basta que ele tenha um pouco de percepção.
Conhecer a realidade de seus alunos, conhecer a realidade das famílias de seus alunos, tentar adequar suas disciplinas a essa realidade, seriam métodos práticos e fáceis de melhorar a qualidade de ensino.
Ensinar valores, estimular os alunos a pensar, a ter gosto pelo saber... Despertar nestes alunos a curiosidade, não impor a eles o conhecimento. O professor não pode ser soberano dentro da sala de aula, ele é parte do processo e deve se colocar no mesmo patamar de seus alunos. Como dizia Paulo Freire em sua obra "Pedagogia do Oprimido", o professor não pode depositar o conhecimento no aluno, tem que partilhar seu conhecimento e estimular o seu aluno a pensar, buscar novas informações.
Se tem algo que todo professor almeja, é estar presente sem estar. Se fazer presente através de seus ensinamentos, como hoje e sempre se fará presente a minha querida professora de 3ª e 4ª séries...

Dedico este artigo à minha querida e eterna PROFESSORA (isto mesmo, em maiúsculo) Ilioniza Galvão, que soube nos estimular na busca pelo conhecimento. Obrigado PROFESSORA!

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